Instantes Perdidos

Instantes que se perdem na vida rodopiante e alucinada... Instantes escritos em poesia na busca da perfeição.

quinta-feira, abril 28, 2005

Não sei teu nome, apenas teu corpo.

Já não existem sentidos
Nos nomes feridos
Que se chamam às sombras
Que se conheçem na noite...
Sobra o pequeno dia
Com a noite interminável,
Onde ambos perdidos
Trocamos as línguas
Onde és menos fria...

Ainda não sei o teu nome,

Teu corpo mulher,
É corpo da noite,
Onde me encharco
Desse liquido prazer...

Preciso do corpo onde possa viver
Preciso do teu corpo mulher,
Onde possa morrer...

Amo-te contra o meu corpo,
Amo-te para além da beleza,
Amo-te contra teus olhos
Amo-te agora e aqui,
Não sei teu nome
Nem teu sonho,
Sei a tatuagem do teu corpo no meu,
Amo-te ejaculando dentro de ti,
Depois digo um adeus...
E para sempre parti.

Não sei teu nome
Apenas teu corpo,
Dele tenho fome...

Assin: Artur Rebelo
(Incluido na Colectanea "Calores")

terça-feira, abril 26, 2005

Amor fecundo...

Sonho a nudez que se chama amor

Com o pecado da palavra “carne”,

Sonho, mas fornico o corpo que arde

E se detém em meu redor...

Pode o frio crescer lá fora no mundo,

Pode o fluído gelar completamente,

Ao corpo que em mim cola fecundo,

Misturo o líquido em tua semente...


Artur Rebelo
(Incluído na Colectânea Calores)

sexta-feira, abril 22, 2005

Sufoco...

Sufoco

Sufoco com o vómito da tua saliva,
Do pronuncio do que sempre senti...
No vómito liquido na língua do sonho,
Donde a magia do amor nascida
Dos lençóis brancos onde nasci...
Nasço dentro do corpo risonho
Coloridos picantes dos elementos,
Sabes por teu corpo eu sonho...

Sufoco quando vomitas a água tua,
No sereno calor que abrasa e impera,
Agasalhas-me com a sensualidade nua
Onde a tesão fortifica o sentimento,
Sentidos na procura da tua espera...
Dos corpos pegados que te proponho,
Ao corpo abrando no sufoco,
Digo apenas aqui:
Eu amo,
Eu sonho,
Eu de ti sou louco...

Artur Rebelo
(Incluído na Colectânea Calores)

quinta-feira, abril 21, 2005

Disse nos corpos...



Eu digo...
Que o veneno
Deste corpo detone em paixão,
Que nasça no sexo sereno
Cresça puro e branco,
Sendo gosma densa,
Viajando do útero ao coração...

Eu digo
Que o teu calor franco
Onde o sexo nasce sem rede
Que ao chegar a ti beber da tua água
Possa matar a minha sede...

Eu digo
Que tudo o que diga,
Nada diz
Sobre o corpo desatino
Que se cruzou no meu destino,
O sonho da carne tão doce que até castiga...

Agora calo fico mudo,
Porque já disse tudo.

Assin: Artur Rebelo

quarta-feira, abril 20, 2005

Papel é a minha cama

Pego nas palavras que nascem puras,
Frente a frente com a folha de papel,
Lacrado a quente com as coxas nuas,
Do desejo calmo onde nasce a pele...
Que mãos são essas que a mim alcançam?
Que abraçam as minhas em imensas ruas,
Mas na folha sinto a cicatriz cerrada
Pelo prazer que já nasce escrito,
Para limpar a alma preta pesada,
Acusação do teu olhar abrasivo...
E as palavras agora são sujas,
Pois {EU} sou o teu grito

Assin: Artur Rebelo
(Incluído na Colectânea "Calores")

terça-feira, abril 19, 2005

Cobre a minha pele

Tentei cobrir a minha pele de ti,
Onde o fluxo rasgado
Nasce arrojado de orgulho,
Amarrotei a tua pele em mim,
Só com a ponta do meu sexo de marfim,
Onde grito o sonho desnudado...
Sonho que busca a pele onde mergulho
Pois essa pele que a mim cobre não tem fim...

Assin: Artur Rebelo
(Incluído na Colectânea "Calores")

segunda-feira, abril 18, 2005

Angústia...


Os ventos querem conhecer o sonho,
Do que antes era salino,
Imagens ao pesadelo medonho,
Das rosas que nascem na ferrugem
Pois voam calmos sem destino...

Momentos querem conhecer o sonho,
Tocado pela seiva do desejo agora,
Do segundo que passa em segredo,
Combustão do corpo fúria que cora,
Alicerces dum minuto sem medo...

Sentidos tortos nascem nos pesadelos,
Da raiva filtrada na memória
E que transformam nos penedos
Ao néctar que assim nasceu,
Morreu demasiado cedo,
E acabou dentro dum sonho
Como líquido seminal azedo...

Assin: Artur Rebelo

domingo, abril 17, 2005

A dor caminha na memória...


Toda a minha vida pensei como seria ganhar um ferimento,
A dor, o sangue, mas ganhei esse ferimento,
Não um ferimento fisico,
mas um ferimento de amor,
Que doi mais na alma, aqui dentro...
Não sei se era da passagem do tempo,
Mas era algo evidente,
Algo que agora não me lembro bem...
Tenho alguns anos vividos,
E quando me lembro de um certo alguém...
Parece que sonho esse corpo que aquece,
mas tudo bem, essa imagem logo desaparece...
São momentos nostalgicos,
Momentos que existem
E saem a uma velocidade despida de medo...
É evidente que a minha visão é tolhida de justiça,
Mas é evidente o que quero dizer! Nem é segredo,
De que perdi muito,
Perdi quase tudo pela preguiça de não perceber,
Os sinais que me deste,
Os avisos agrestes que não eras ninguém...
Pois eu tratei-te como ninguém...
Depois a tua justiça num severo momento chegou e ditou o fim...
Do que antes era amor agora é utopia...
Apenas digo no xadrez desta agora paixão,
Eu era Rei e tua Rainha, mas mudei de notação enfim...
Mantiveste o teu titulo mas eu passei a peão...
Agora apenas desejo o destino da fantasia,
De que é esquecer o que aqui dentro mora,
Talvez um dia...
Por enquanto o meu coração ainda te adora.

Assin: Artur Rebelo
(Incluído na Colectanea "Dores")

sábado, abril 16, 2005

Um filho…



No meu lado direito estavas perfeita,
No meu lado esquerdo o sangue vivo,
No meu olho uma gota de orvalho seca,
Teu azul é o meu negro na dor feita,
E a ti sou oblativo…
Sem saber se o meu abismo és tu
Sem saber o que está para chegar
Sei que da água da fonte que escorre
É a imagem do sangue mensal que foge
Do filho que ficou por formar,
No tempo que passa pelo agoge(1)…
No meu lado estavas perfeita,
No lado esquerdo o sangue a secar,
E dentro d’olho gota de orvalho espreita
Aos teus braços como vento nocturno,
Que me irá matar…
Trespassado sou, pelo teu útero soturno…

(1) Onde a água passa (passagem)


Assin: Artur Rebelo
(Incluído na colectânea Dores)

sexta-feira, abril 15, 2005

Vale dos amores

Por entre o vale dos teus seios
Meti a minha enxurrada,
Rio entre vales perfeitos,
Prometo a pele quente afiada...
Não tenho o gosto, tal jeito
Mas ao colar-me nas tuas colinas
Que não são minhas,
Talvez seja um eleito,
Do tal amor de rotina...
Que já não sei,
Se é para dentro do teu peito
Ou da tua Vagina...



Assin: Artur Rebelo

quinta-feira, abril 14, 2005

Sinto-te...



Sinto-te na memória da minha volúpia,
Na memória da lua que toca teu regaço,
Espalhou silhueta nua que de ti se vestia,
E rodeou o teu corpo num embaraço...

Sinto-te na memória da minha língua,
Que solta o amor liquido do universo,
Dos escritos nus a suplica do verso,
Dos escritos duros a suplica que vinga...

Sinto o fervor da memória dos nãos,
A ferida que se abre e lentamente pinga,
Molha-me de dor esse aroma alagado,

Sinto-te na memória das minhas mãos,
Salgado o peito pelo amor terminado,
Culpa da carne que ama o peito rasgado.



Assin: António Moreno
(Incluído "50 Sonetos do Moreno")

terça-feira, abril 12, 2005

Pela Noite...

Num pensamento de Janeiro,
Folheei o teu corpo de amada,
Do teu suor quero o cheiro,
Onde espalho água fecundada,
Chovem cores magenta na passada,
Entre cheiros do horizonte carmim
Que assim desperta...
Da fera a água por mim regada,
Teu mar azul em mim acerta,
Dos olhos que vestem a alvorada...


Assin: Artur Rebelo
(Incluído na colectânea “Calores”)

Noite

segunda-feira, abril 11, 2005

Fazer amor…

Pinto o meu olhar com a tua derme
Quero que a nitidez da tua cor,
Que entra pelos olhos dentro e me fere,
Neste primeiro aluimento de amor…
Quando a fronteira tua cola na minha
O silêncio manda,
O mundo aninha
E o tempo abranda…

Que se passa? Sem resposta,
Os poemas de amor nos lábios,
Que se colam aos teus na proposta,
Hálito que absorvo do teu ser,
Do sabor doce e frio na amostra,
Misturo o meu sal com teu doce
Para te sentir como mulher…

Num tingir de cores em harmonia
Que do mistério boca,
Faz do teu seio a doca,
Que do teu cheiro a nostalgia,
Que quase me sufoca…
Finalmente abrando o ritmo
Do nosso amor…
…mesmo assim suspiras
E soltas um grito…


Assin: Artur Rebelo
(Incluído na colectânea “Calores”)

sábado, abril 09, 2005

Sonho pintado de ti

Certo dia na entrada do sonho,
Avistei a luz escura da presença lenta
Fachada duma imaginação que suponho
seja a natureza do teu corpo que encerra
Em mim de uma forma violenta.

Sonhei todo o dia contigo,
Mas agora não me lembro do teu nome...
Lembro-me apenas a tela cinzenta
Onde te protegias e eu de ti passava fome.
Continuo sem saber o teu nome,
Então chamo-te de princesa dos sonhos,
Nos teus olhos escuros me deitei,
Mas no teu corpo onde acordei,
Brindei à vida que sonhei perdida,
Não estava perdida, estava apenas adormecida.

E continuas princesa
E serás Sempre princesa...

Certo dia na entrada do sonho,
Redescobri as curvas da tua beleza
As curvas das imensas linhas,
Onde o teu corpo se pinta...
Onde eu pinto com as mãos minhas,
Com o meu corpo, que o teu sinta...
No cheiro do meu empenho...
E cobre-me de negro essa alma linda,
Porque o negro dos teus olhos,
São a vagina onde me venho...
Nas entranhas a tua dureza
E no meu sonho és bem vinda.
E continuas princesa,
Porque do teu nome perdi o desenho.


Artur Rebelo
(Incluído na colectanea Calores)

quinta-feira, abril 07, 2005

Chuva de plumas

Voam plumas brancas
De ofegantes rebentos,
Do colchão da cama saídas,
Algumas prostadas no chão caídas...
Neste quarto quente do momento,
Que marca as fronteiras de sentimento,
Nos corpos suados em desassossego...
Contemplo teu corpo dormento,
Atravesso esse teu corpo em festas
Vou pintá-lo com o meu suor de enredo,
Vou pintá-lo com o liquido que me resta,
Nos corpos húmidos pelo teu reflexo,

pluma

Vou pintar teu amor com o meu sexo
Até tatuar teus seios no meu peito...
Escorre o suor das volúpias sentidas,
Sinto-as com sabores neste leito,
Mais plumas nascem perdidas,
Deste velho colchão renascidas
Onde o nosso amor se expressa
Sem feridas...
Faço do teu corpo a minha pressa...

Assin: Artur Rebelo

quarta-feira, abril 06, 2005

Esconder-me

Escondo-me

Escondida a luz do Sol...
Escondida a luz do dia,
Acende-se um Farol,
Que a tantos guia,
E a poucos ilumina...
Eu? Apago as luzes da minha existência,
Perdi-me no líquido gelado do tempo veneno,
Noite eterna e demência
Ao tempo da dúvida aceno
E o momento urge na urgência...
Como estou enganado,
Sentidos do espírito errado,
Onde me tolhem os nervos,
Onde me nascem os medos...
À vida terrena onde fui criado,
Sou diferente, sou errado...
Quando vestida dos trajes negros,
No segundo do adivinhar da chama,
Percebi que a ferida assim vestida,
Não era minha... Mas que a muitos ama...
Lembro como se fosse hoje, agora jazida...
Mal sabia eu que irias sempre surpreender
Desta forma... Vida...


Assin: Artur Rebelo

terça-feira, abril 05, 2005

O que é o amor??

Quando me questionaram sobre o amor,
Respondi calmamente o que achava:
"O amor???
É algo que voa alto como um condor!
O amor??
É sentir algo ainda mais forte,
Que o que sentimos do pior traidor...
O amor até vence a morte,
Mas não levem a mal,
Pois não chamo traidor ao amor.
O amor é algo único para descrever
É tão bom que parece imoral,
Mas eu explico o que quero dizer:
Não é imoral de pecado,
É que o amor no seu crescimento,
Tem bom sabor e é bom aliado,
Que não parece normal...

Mas não levem do peito o talento
Que destilado no rosado do calor
Fica com sabor do sal.
Mas no sal não nascem rebentos,
O amor gera-os em ofegantes momentos".

Quando me questionarem sobre o amor,
Direi que é grande sentimento,
O sentimento maior do nosso criador...
Acho que o melhor é responder
Noutra altura o que é o amor.
Afinal é o que penso,
Dos corações coleccionador
O amor? É tão imenso.

Artur Rebelo

Amor

domingo, abril 03, 2005

O que é? Silencio



Rogo-lhes que a apaguem...
Na explosão corrida e abafada,
Que contribuí com a procura do silencio,
Que faz sonhar a lingua encantada.
Rogo-lhes apenas que apaguem
A voz do silencio que grita o nada...
Rogo-lhes que a voz amarrem...
Na presença ingénua da esperança
E levanta hinos surdos dos gritos de ceda.
Mas esses hinos escutam com a lembrança,
Tal os sons que deixam esculpir a peçonha azeda,
Que é tolhada nas margens do silencio,
Que muda o grito alto e duro sem lembrança,
Até apenas haver soluços e não o lamento.
Este é o poema que grita o silêncio.

Artur Rebelo

sábado, abril 02, 2005

Na Mão De Deus

Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despôjo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!

ANTERO DE QUENTAL