Instantes Perdidos

Instantes que se perdem na vida rodopiante e alucinada... Instantes escritos em poesia na busca da perfeição.

domingo, novembro 28, 2004

Homens que vivem.

Não perder nada da vida é bom
Tal párias que nascem e suam
Quando são recusados amuam,
Mas vivem e fazem dela um dom.

Aqueles que,
Pensam no amor lá longe no rio,
Pensam sobre tudo o que é bom,
Falam que no Inverno têm frio
E sorriem sobre peidos com som.

Aqueles que,
Pensam na hora de encher a barriga,
Trabalhadores, mendigos, doutores,
Pensam no amor de alguma rapariga,
E por todas estão perdidos de amores.

Aqueles que,
Pensam nos filhos sentados à mesa,
Conhecem sombras na estrada da vida,
Fustigados pelo sopro da natureza
Fazem da alma demasiado sentida,

Aqueles que,
São escória de todas as ruas,
Fazem do corpo chagas e postigos,
Adoram as mulheres a quando nuas,
Adoram folias mas não têm amigos.

Aqueles que,
Têm frio, calor, coragem e medo,
Apercebem-se dos anos a passar,
Muitas vezes até morrem cedo,
Sentem e sabem o que é chorar.

Aqueles que,
Sentem os cheiros que andam no ar,
Riem, choram, por vezes ficam aquém,
Sabem o que é perder e voltar a tentar,
Mas estão sempre no coração de alguém.

Aqueles que,
Perdem-se na estrada sem indicação
Refugiam-se na droga, jogo e bebida
Mas mesmo assim sabem dizer não,
À traição do filho pela mãe-vida.

Aqueles que,
Nem conhecem o mundo nem o mar,
Nascem dum buraco e voltam a outro,
Envelhecem com os anos a passar
Um dia morrem e o espírito é solto.

Aqueles que,
Vivem duro mas adoram o viver do ser,
São os homens vividos como as feras,
Fogem do tempo mas acabam por morrer,
Sempre iguais com o passar das eras.

São homens, são aqueles que vivem...

Assin: António Moreno (incluído in “Dores”)